segunda-feira, 15 de maio de 2017

Primeiro palhaço negro do Brasil

BENJAMIN DE OLIVEIRA


 Benjamim Chaves nasceu em Minas Gerais, no dia 11 de junho de 1870. Foi criança no tempo em que a Lei Áurea ainda vigorava em território nacional, sendo o quarto filho de Malaquias e da escrava Leandra. Conta-se que a sua mãe tinha sido uma escrava de “estimação”, por isso teve todos os filhos alforriados ao nascer, já seu pai era um capataz e era considerado um homem terrível, que batia nele diariamente.
Benjamin fugiu de casa aos 12 anos, segundo o próprio: “meu destino era fugir. Destino de negro…” e juntou-se à troupe do Circo Sotero, atuando em números de trapézio e de acrobacia, fazendo nascer o primeiro palhaço negro do Brasil e, de acordo com o pesquisador Brício de Abreu, o primeiro palhaço negro do mundo. 
Do artista Severino de Oliveira, seu orientador no Circo Sotero, tirou seu novo sobrenome. Após quase três anos trabalhando no Circo Sotero, fugiu pela segunda vez, provavelmente porque era espancado. Foi parar num grupo de ciganos onde supôe-se que trabalhou como escravo, já que através de uma moça do grupo descobriu  que os ciganos estavam pensando em trocá-lo por um cavalo.
Após andar por várias vilas como mendigo, Benjamim chega à cidade de Mococa, onde finalmente encontra trabalho num circo de um norte-americano chamado Jayme Pedro Adayme. É lá que pela primeira vez seu trabalho no circo é remunerado.
 A estreia de Benjamim como palhaço se deu quando foi obrigado a substituir o palhaço da companhia que estava doente. 
Segundo o próprio Benjamim, “E eu tive que fazer o palhaço. E foi ali, na Várzea do Carmo, naquele barracão de zinco e tábua que eu pela primeira vez apareci vestido de palhaço...”. O resultado das suas primeiras apresentações não foi bom, recebendo, o palhaço, vaias e desaprovações.
Após se estabelecer como artista de circo, Benjamim chegou ao Rio de Janeiro, tendo o seu trabalho reconhecido não apenas pelo público, mas também pelos críticos. Foi no Rio que o palhaço vivenciou um dos momentos mais importantes de sua carreira: o seu desempenho chamou a atenção do presidente da República, o Marechal Floriano Peixoto. Por volta de 1896, conheceu Affonso Spinelli, tendo atuado no Circo Spinelli até os anos de 1930, período que correspondeu aos seus anos de maiores glórias. 

Além de seus números de clown e acrobacia, Benjamim cantava, atuava e até escreveu peças de teatro. Suas múltiplas habilidades o transformaram, também, no primeiro artista negro do cinema brasileiro. Foi aclamado como o Rei dos Palhaços no Brasil e respeitado por importantes homens do teatro.
 O circo-teatro, introduzido no Rio de Janeiro por Benjamim de Oliveira, teve o seu apogeu entre os anos de 1918 e 1938, ele começou com paródias de operetas e contos de fadas, chegando à apresentação de peças de Shakespeare entre outros. Essa versatilidade fez com que a obra de Benjamim de Oliveira marcasse uma revolução no circo brasileiro.

O reconhecimento da atuação de Benjamim foi aumentando ao longo do tempo e no início do século XX ele já era um artista renomado, mas apesar do seu sucesso, a vida de Benjamim terminou praticamente na miséria. Após intensa campanha movida por jornalistas para que Benjamim de Oliveira recebesse um auxílio financeiro do governo federal, ele finalmente consegue, mas pouco usufrui da pensão, falecendo, em 03 de maio de 1954, aos oitenta e quatro anos.







SILVA, Erminia. Circo-teatro : Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil.
. São Paulo : Editora Altana, 2007

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